Se você parar pra pensar, isso serve pra tudo na vida. Se você souber que um remédio pra dor de barriga vai te dar náusea, você vai preferir continuar com a dor de barriga do que correr o risco de ficar nauseado. Se você ficar sabendo que aceitando determinado trabalho você corre o risco de assédio ou de intrigas no escritório, melhor procurar outro. Se você conhece alguém novo e fica sabendo que a pessoa é fofoqueira, vai preferir não se relacionar com ele ou ela. Se você ficou afim de um cara e depois soube que ele traía a antiga namorada, vai pensar mil vezes antes de querer ficar com ele. Às vezes a gente confia até na fonte mais desconfiável (ex-funcionário do escritório, uma amiga que é na verdade a fofoqueira em questão ou até uma ex que não superou o término) só porque ela apresentou algum risco que você poderia vir a encontrar. E se você já sabe do risco, seria insano mergulhar de cabeça nisso, correto?
A verdade mesmo é que tudo tem seu risco, mas a decepção não é necessariamente algo ruim. Pelo menos não se você tentar enxergar o outro lado. Em algum momento você pode se decepcionar com a carreira, com a amiga ou com o namorado. Essas coisas acontecem. O que não dá é pra evitar esses desapontamentos, porque eles aparecem subitamente quando menos esperamos. Mais importante ainda: eles aparecem pra gente aprender e crescer.
Um obstáculo deixa de ser um obstáculo quando você o transforma em degrau. Aprender a lidar com um amor que te traiu faz você escolher melhor quem quer por perto. Descobrir que sua confidente é, na verdade, agente duplo te ajuda a enxergar melhor as pessoas. Confrontar-se com o fato de que seu mentor profissional é um babaca pode te levar pro rumo certo (pelo menos até você encontrar o outro certo). E você aí, querendo a segurança de uma bula pra poder evitar essas dores.
Os efeitos colaterais da vida não são só pra te fazer sofrer ou pra incomodar. São pra te ajudar a ser uma pessoa melhor. Aceite o remédio da vida e jogue fora a bula. Abrace as oportunidades, aprenda com elas, viva.
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Texto por Luisa Clasen (Lully de Verdade)
Acompanhem a Lully:
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